Por que a pressão do “para sempre” atrasa nossa paz ou como a obsessão por romances de conto de fadas nos fez esquecer que solidão é melhor que má companhia – e a ciência prova isso.
Uma pergunta honesta (que eu já me fiz várias vezes): quantas vezes você já se pegou pensando “Quando será minha vez?” ao ver mais um casal de amigos no altar? Ou sentiu um frio no estômago quando alguém soltou um “Você não pretende ter alguém?”?
Nós crescemos ouvindo que o amor romântico é o ápice da vida adulta – como se felicidade fosse um game que só desbloqueia no modo “casamento”. Você é convidada para casamentos e mais casamentos. Alguns somente como convidada, outros como madrinha (e você precisa entrar na igreja com um primo da noiva porque você é solteira). Com o tempo, essa pergunta começa a ficar cada vez mais presente na sua mente, e ela incomoda cada vez mais. Você baixa um aplicativo de encontros, mas nada demais sai de lá. É apresentada a algum amigo de uma amiga, mas lá também… Nada. E começa a se frustrar cada vez mais e a se perguntar se a sua vez nunca vai chegar.
Mas se eu te falar que estar solteira pode ser mais saudável que um relacionamento meia-boca? E que a pressão pelo “para sempre” é a maior cilada emocional que a sociedade já inventou?
Vamos aos fatos?
Fato número um: A mentira do “para sempre” (e por que ela nos deixa ansiosas).
Um estudo longitudinal da Universidade de Alberta acompanhou 5.000 adultos por 25 anos e descobriu que:
- Pessoas que se casaram por pressão social tiveram índices de estresse 23% maiores que solteiros.
- Relacionamentos infelizes são piores para a saúde mental que a solidão (eles aumentam o risco de depressão em 35%).
Ou seja: vale mais a pena esperar (ou ficar sozinha) do que se enfiar num “felizes para sempre” que vira “sobrevivendo juntos”.
Fato número dois: Solteirice é diferente de fracasso (na verdade, pode ser um superpoder).
Aqui estão dados que ninguém te conta:
- Solteiras têm mais tempo para: amizades profundas (segundo uma pesquisa do Journal of Social Psychology). Autoconhecimento (de acordo com o Harvard Study on Adult Development). Crescimento profissional (pessoas solteiras são 40% mais propensas a mudar de carreira).
O mito da “idade certa”:
Pesquisas mostram que casamentos depois dos 30 têm 50% menos chance de divórcio – ou seja, esperar pode ser a melhor decisão estatística da sua vida.
Fato número três: como parar de correr atrás do relógio (e do Tinder).
Nesta parte, eu vou trazer dois exercícios bem simples para você. Eles vão te ajudar a tomar decisões não por empurrada pela carência, mas sim baseadas em decisões racionais.
Exercício 1: A lista do “Por quê”.
Antes de sair procurando desesperadamente pelo amor, faça a si mesma as seguintes perguntas:
- “Estou buscando companhia ou só quero preencher um vazio?”
- “Se ninguém me pressionasse, eu estaria mesmo incomodada?”
- “O que eu posso fazer hoje que um parceiro não resolveria por mim?”
Exercício 2: O “Teste do café”.
Imagine seu relacionamento ideal como um café:
- Relacionamento saudável: café quente, que você toma porque quer, não porque precisa.
- Relacionamento por pressão: café frio, que você engole só para não jogar fora.
Se depois de se fazer essas perguntas e reflexões você ainda baixar o Tinder, eu juro que vou te passar o Whatsapp da minha terapeuta!
Vamos aos sinais de que você está pronta – não só desesperada.
As pessoas dizem que o amor é como uma borboleta. Quanto mais você corre atrás, mais você a afasta. Ao invés de correr atrás da borboleta, a melhor coisa a se fazer é cuidar do seu jardim (você e sua saúde mental). Um jardim bem cuidado e florido tem muito mais chances de atrair as mais belas borboletas do que um jardim cheio de plantas secas e ervas daninhas. Dito isso, você saberá que está escolhendo amor (não fugindo da solidão) quando:
- Você consegue jantar sozinha sem roer a unha de ansiedade.
- Não vê mais solteirice como “tempo perdido”, mas como um tempo de construção.
- Seu perfil no Tinder não diz “procuro alguém para completar minha vida”, mas “alguém que queira somar à vida que eu já amo”.
“Aline, tudo isso é muito lindo e tal. Estou cuidando do jardim maravilhosamente bem e, mesmo assim, até agora não apareceu nenhuma borboleta.” Isso é uma pergunta super pertinente. Então eu vou te passar somente três coisas a fazer enquanto o “amor da sua vida” não aparece.
- Trate seu tempo sozinha como um presente – não um castigo.
- Invista em amizades que nutrem sua alma e vida de alegria e companheirismo.
- Lembre-se: Ninguém no leito de morte pensa “Puxa, devia ter passado mais tempo me preocupando com relacionamento”.
Nota da Aline: Se alguém disser “você está ficando para trás”, responda: “Para trás de quê? Da corrida imaginária que vocês inventaram?”
Não se sinta mal em estar solteira. Veja esse tempo sozinha como uma oportunidade de se conhecer melhor. Entre um relacionamento e outro, às vezes não temos tempo para nos conhecermos e agradarmos a nós mesmas, porque estamos ocupadas demais conhecendo e cuidando da outra pessoa.
Cuide bem de você enquanto ninguém chega. Amor próprio não é plano B. É a base que separa relacionamentos saudáveis de armadilhas emocionais.
Cuide-se tão bem ao ponto de que, se chegar alguém na sua vida. Ótimo! E se não chegar ninguém na sua vida… ótimo também!
Fique bem!