Autocuidado ou autossabotagem? Cinco sinais de que você passou do limite.

Sim, uma parte deste site é dedicada inteiramente ao autocuidado e seus benefícios, mas onde é o limite do autocuidado? O excesso dele pode ser tóxico? Pode nos fazer gastar demais e perder o controle, tudo em nome do “Eu mereço!”? Vamos analisar tudo isso.

Com a influência das redes sociais, hoje a expressão autocuidado virou o álibi perfeito. Por exemplo:

“Preciso de um mimo” = desculpa para passar três horas no shopping, indo de loja em loja e transformando a fatura do cartão de crédito em uma bola de neve imensa.

“Vou me isolar para recarregar” = passar duas semanas sem falar com ninguém, ter 15 crises de ansiedade, pensamentos intrusivos e até dissociação.

Viu como o autocuidado também pode ser ruim se feito de maneira desordenada?
Se você já se pegou mais exausta depois do ‘autocuidado’, este artigo é seu detector de mentiras internas. Spoiler: sim, eu já caí nessa também.

Primeiro sinal de alerta: “Terapia de compras”.

Se você ainda não leu o artigo Terapia e Compras (inserir link), sugiro dar um pulinho lá. Tem muitas informações interessantes! 

Uma pesquisa da Universidade de Michigan (2023) mostra que 68% das compras “terapêuticas” geram arrependimento em 24h.
Mas como você pode identificar se a sua sessão de compras no shopping se tornou algo mais compulsivo do que terapêutico?

Se seu cartão de crédito virou “psicólogo de emergência”.

Se você esconde embalagens do lixo (e da sua consciência).

Segundo sinal de alerta: Isolamento “Restaurativo”.

De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of Social Psychology (2022), a  solidão prolongada aumenta o cortisol mais que o estresse no trabalho.
Como identificar se você está se tornando uma eremita e nem está percebendo:

Se seu “descanso” vira três dias de pijama e Netflix.

Se seus amigos perguntam: “Você sumiu ou morreu?”

Hora do mea culpa. Eu não gosto de sair. Sempre fui uma pessoa caseira, mas nos últimos dias estou de parabéns (sim, estou sendo irônica). Já passei mais de uma semana sem falar com ninguém, sem sair de casa e te digo: minha saúde mental só se deteriorou! Descobri que meu ‘retiro espiritual’ era só depressão com nome chique. Agora marco café mesmo cansada. E vou!

Terceiro sinal de alerta: dieta do “bem-estar”.

Uma pesquisa da Eating Behaviors (2023) mostra que a restrição alimentar disfarçada de “detox” aumenta a compulsão em 40%.
Mas como identificar?

Se sua “alimentação saudável” tem mais regras que a Constituição.

Se você sonha com pizza durante o smoothie de couve. Dietas malucas e seus “resultados milagrosos” muitas vezes nos colocam em uma espiral de paranoia e culpa. Que tal, no lugar de fazer uma “dieta da influencer fulana” (que tem milhões na conta para pagar os melhores nutricionistas, nutrólogos, personal trainers e claro, cirurgiões plásticos), consultar um profissional e ver a possibilidade de uma reeducação alimentar?

Quarto sinal de alerta: Overtherapy (terapia demais).

De acordo com a APA (2023), fazer pelo menos três tipos de terapia simultaneamente sobrecarrega o cérebro.
Explico:

Se sua agenda tem: acupuntura, constelação familiar e coaching astral.

Se você gasta mais com cursos de autoconhecimento do que com aluguel.

Às vezes queremos a solução do nosso problema de forma rápida (e não necessariamente eficaz) e “atiramos” para todos os lados. Mas acredite, a única coisa que você vai conseguir é mais ansiedade (e mais dívidas). 

Quinto sinal de alerta: autossabotagem “positiva”.

O Journal of Happiness Studies (2022) publicou uma matéria que diz que a pressão para ser feliz aumenta a ansiedade. Ora ora… quem diria?
Como identificamos isso?

Se seu diário de gratidão vira lista de culpas (“por que não sou mais grata?”).

Se você se esforça para meditar até surtar.

Uma dica? Comece a aceitar os dias ruins (aqui entra o Estoicismo e o Amor Fati). Aceitar coisas que não podem ser mudadas (e que, sobretudo, não dependem diretamente da nossa vontade, tira um peso imenso dos nossos ombros e deixa a vida mais leve.

Aqui tenho três estratégias (aproveita que tá de graça!). Para lidar com o excesso de autocuidado.

  1. “Comprei demais?” Venda um item e pague uma terapia.
  2. “Isolei demais?” Marque um café com quem cobra sua presença.
  3. “Exagerei na terapia?” Fique um mês só com o essencial.

Autocuidado de verdade não tem hashtag. É sobre ouvir seu corpo – mesmo quando ele grita “chega!” Por baixo do edredom de compras, isolamento e positividade tóxica. Você merece descanso, não mais uma lista de tarefas disfarçada de amor-próprio.

Seja leve e, sobretudo, piedosa consigo mesma. Esse é o primeiro passo!

Fique bem!

Fontes de pesquisa para as estudiosas:

  1. Universidade de Michigan (2023). “Retail Therapy Regret”
  2. Journal of Social Psychology (2022). “Isolamento e Cortisol”
  3. Eating Behaviors (2023). “Disordered Eating Under the Guise of Wellness”
  4. APA (2023). “Therapy Overload”
  5. Journal of Happiness Studies (2022). “Toxic Positivity”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima