“O homem está condenado a ser livre.” — Jean-Paul Sartre.
No mundo, não existem respostas prontas. Recentemente, passamos por uma crise sanitária, temos todos os dias incertezas profissionais, crises existenciais e perguntas sem respostas. Aqui entra o Existencialismo. Ele nos oferece um paradoxo libertador: a falta de sentido inerente à vida não é um vazio, mas um espaço de criação.
Jean-Paul Sartre, Albert Camus e outros pensadores nos mostram que, em tempos de crise, nós somos os artistas de nossa própria existência.
O desafio existencialista: nascer em um universo indiferente.
Albert Camus, em O Mito de Sísifo, compara a vida ao suplício do personagem grego condenado a empurrar uma pedra morro acima eternamente — só para vê-la rolar novamente. Mas qual poderia ser a conclusão disso?
Bom, a primeira conclusão seria a do absurdo: a vida não tem um sentido pré-definido. Sabendo disso, logo vem a revolta: Criamos significado apesar disso.
Ficou confusa e não entendeu? Não se preocupe, vou te explicar de uma maneira mais simplificada: Quando algo ruim acontecer com você, ao invés de se perguntar “Por que isso está acontecendo comigo?”, experimente pensar: “O que posso construir com isso?”
Sartre e a liberdade radical.
Para Sartre, “a existência precede a essência”:
E o que isso quer dizer? Bom, em primeiro lugar, isso significa que não nascemos com um propósito (como uma faca é criada para cortar). Além disso, nós nos tornamos quem somos por meio das escolhas — mesmo aquelas que não escolhemos, como uma crise inesperada, por exemplo.
Vamos tentar um exercício sartriano:
- Faça uma lista de três decisões que você tomou nos últimos meses (por exemplo: mudar de carreira, terminar um relacionamento tóxico).
- Faça-se a seguinte pergunta: “Essas escolhas refletem quem eu quero ser?”.
Camus e a felicidade no meio do caos.
Camus não propunha soluções fáceis, mas três passos para enfrentar o absurdo:
O primeiro passo é reconhecer: “A vida é caótica, e tudo bem.”
O segundo passo é revoltar-se: recuse-se a aceitar respostas prontas, como o consumismo, por exemplo.
E o terceiro passo é amar o processo: assim como Sísifo, encontrar satisfação na própria luta.
Vou te mostrar um exemplo prático e corriqueiro disso.Imagine que você está passando por uma crise profissional (ou pode ser que você realmente esteja passando por isso agora mesmo). Tente transformar essa crise em um experimento existencial: “E se eu encarar isso como um recomeço, não um fracasso?”
Criando significado na prática (um guia de três passos simples).
Vamos lá, se você chegou até aqui, isso quer dizer que você está em busca da mudança. E eu vou te dar esse guia para te ajudar neste percurso:
Primeira regra: aceite a responsabilidade.
De acordo com Sartre: “Não importa o que fizeram com você, mas o que você faz com o que fizeram com você.”
Neste caso, a ação seria parar de culpar eventos por sua infelicidade.
Segunda regra: invente seus valores.
Segundo Nietzsche, o precursor do Existencialismo: “Quem tem um ‘porquê’ suporta quase qualquer ‘como’.”
Neste caso, a ação seria escrever o seu “manifesto pessoal” com três princípios que definem sua vida (ex.: autenticidade, curiosidade, resiliência).
Terceira regra: encontre beleza no efêmero.
Segundo Camus: “A própria luta rumo ao topo é suficiente para preencher um coração humano.”
Aqui, a ação repousa em cultivar rituais cotidianos (um café em silêncio, uma caminhada) como atos de rebeldia contra o caos.
A partir daí, podemos até construir um Fluxograma Existencialista: “Como Responder a uma Crise?”
[Evento doloroso] → “Isso tem um sentido intrínseco?” → NÃO → “Que significado eu posso dar a isso?”
Escolha:
- Revoltar-se (questionar o status quo).
- Criar (arte, projetos, novos caminhos).
- Amar (aceitar o jogo da vida).
E eu tenho um exercício final a te propor: o diário do absurdo.
Por uma semana, anote:
- Um evento que pareceu “sem sentido”.
- Como você decidiu reagir a ele?
- Uma pequena beleza encontrada no processo.
Aqui eu deixo as sugestões de pesquisa para as estudiosas de plantão:
- O Existencialismo é um Humanismo (Sartre) — edição com comentários.
- O Estrangeiro (Camus) — ficção que ilustra o absurdo.
Fique bem!