Como ser a amiga chata que pergunta “Tá tudo bem?” – e realmente escuta.

Este artigo é um guia para sustentar quem você ama quando amizades, carreiras ou laços se desfazem.

Você já viu alguém dizer “tô ótima!” com os olhos vermelhos de chorar? (Talvez até você mesma tenha feito isso). Ou então uma colega de trabalho foi demitida e todo mundo evitou o assunto como se aquela pessoa tivesse se transformado em um fantasma corporativo?

Rompimentos não românticos doem tanto quanto os outros – mas raramente ganham espaço. Amizades que esfriam, colegas que somem, projetos que terminam… Tudo isso deixa um vazio que ninguém sabe como nomear.

E é aí que entra você: a amiga disposta a ser “chata” o suficiente para perguntar “tá tudo bem?” E ficar ali, sem pressa, até a resposta verdadeira.

Aqui está como fazer isso direito:

1. Por que as pessoas mentem sobre não estar bem?

Medo de ser visto como um peso (“Todo mundo está muito ocupado”).

Vergonha de admitir que dói (“Como vou sofrer por uma amizade?”).

Falta de vocabulário emocional (Ninguém nos ensinou a falar sobre luto não romântico).

Sua missão: Criar um espaço onde “não sei” ou “tô mal” sejam respostas válidas.

2. Como perguntar “Está tudo bem?” de verdade.

Perguntas que devem ser evitadas:

“E aí, já superou?” (Pressão direta).

“Mas era só um amigo, ué” (Minimizar a dor da outra pessoa é bem feio).

No lugar dessas perguntas invasivas, que tal tentar perguntas como:

“Sei que você e o [nome] eram próximos.” Como está sendo isso?”

“Tô te vendo quieta.” Quer falar ou só companhia?”

“Não precisa responder agora, mas estou aqui quando quiser.”

3. A arte de escutar sem consertar.

90% do apoio emocional é não dizer coisas como:

“Você vai fazer novos amigos!” (O presente dói. Respeite isso).

“Pelo menos não era namoro!” (Comparar dor é inútil e não ajuda em nada).

“Eu passei por pior!” (Sofrimento não é uma competição).

Em vez disso, tente:

“Isso deve ser difícil pra caramba.”

“Tô contigo, mesmo que seja só para ficar em silêncio.”

“Queria poder tirar essa dor, mas sei que não dá. Mas eu tô aqui assim mesmo.”

4. Sinais de que alguém precisa de você (mas não vai pedir).

Mudança de hábitos (parou de ir ao rolê do grupo ou se isolou no trabalho).

Humor diferente (a pessoa fica de zoeira muito mais do que o normal. Isso pode ser uma tentativa de disfarçar).

Falar no passado (“A gente era tão próximo…”).

Abordagem sutil:
“Amiga, notei que você está meio sumida. Está acontecendo alguma coisa? Pode ser honesta comigo.”

5. O que fazer quando a pessoa não quer falar.

Ofereça alternativas:
“Se um dia quiser distrair a cabeça, me chama para ver um filme idiota.” 

Mantenha a porta aberta: mande um meme aleatório de vez em quando, e diga “lembrei de você” sem pressionar.

Respeite o tempo das pessoas: algumas dores precisam de paciência, não de palavras.

6. Cuidado para não virar o “terapeuta grátis”.

Por que isso importa?

Em um mundo onde “dar unfollow” virou sinônimo de rompimento, perguntar “tá tudo bem?” e esperar a resposta real é um ato revolucionário – e humano.

Você não precisa ter soluções. Na verdade, se pararmos para pensar, na maioria dos casos não temos a solução nem para os nossos próprios problemas. Mas só precisamos estar lá – como aquele poste de luz que não apaga mesmo na pior tempestade.

Nota da Aline:
Se alguém disser “não quero falar sobre isso”, responda: “Tá bem.” Mas se um dia quiser, meu ouvido está aqui – e vem com café grátis”. 

Fique bem!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima