Este é um guia honesto para estabelecer limites sem culpa (com direito a treino prático para você praticar).
“Sim, eu vou.” “Sim, eu posso.” Sim, sim, sim.”
Um belo dia, depois de dizer tantos ‘Sim’, eu surtei. Porque senti que minha vida não me pertencia mais. Eu era a pessoa que dizia ‘sim’ para o chefe às 23h, para a amiga folgada no domingo e até para o vendedor de loja. Sendo assim, já trabalhei até tarde, já fui a rolês que eu não queria e já comprei coisas de que não precisava.
Mas um dia, meu corpo disse ‘NÃO’ por mim – com uma crise de ansiedade no banheiro do trabalho. Crise regada a hiperventilação, choro e muito rímel borrado. A partir daí, eu vi que isso precisava mudar. Se você também sofre de ‘síndrome da boa moça’, este artigo é seu treinamento de desobediência civil emocional. Vamos começar?
Dizer ‘Não’ é autocuidado, sim!
Dizer ‘Não’ é autocuidado, sim!
Um estudo da Universidade de Zurique (2023) mostrou que pessoas que estabelecem limites têm 40% menos cortisol do que aquelas que dizem ‘Sim’ para tudo e todos.
E o Journal of Social Psychology revelou que quem diz ‘não’ é percebido como 25% mais competente.
Com isso, eu percebi que cada ‘sim’ forçado era um saque no meu banco emocional – e eu estava falida.
É extenuante dizer ‘Sim’ quando na verdade você quer dizer ‘Não’. Você é forçada a situações que não quer, conversa com pessoas das quais quer distância e, no final, só você sofre.
Mas não se preocupe, se eu aprendi a dizer ‘Não’ sem sentir culpa, você também consegue. Vamos para algumas dicas e pontos importantes a considerar:
Os três tipos de ‘Não’ que precisamos treinar.
- O ‘Não’ básico:
“Hoje não posso ajudar com seu projeto.” – ou na sua versão mais “good vibes” – “Hoje minha agenda está lotada!” – pode estar mais vazia que um deserto, mas enfim…
(Comece com situações de baixo risco, como recusar ligações fora do horário.) - O ‘Não’ diagonal:
“Não posso fazer isso, mas posso te indicar alguém.”
(Para quando a culpa bate.) - O ‘Não’ bomba atômica:
“Não, e não vou justificar.”
(Reservado para relações tóxicas.)
Certo. Você decidiu começar a falar ‘não’, mas e a culpa?
Isso é uma das coisas mais difíceis de lidar quando você decide falar ‘não’. Você foi acostumada ou condicionada a falar ‘Sim’ para tudo e não é fácil virar a chave de um dia para o outro. Na verdade, a chave leva tempo para girar e a culpa bate, sim. Porque na sua mente, dizer ‘Não’ significa deixar o outro na mão, significa ser egoísta. Mas acredite, saber dizer ‘Não’ na hora certa não é sinônimo de egoísmo ou arrogância. Somente mostra que você decidiu cuidar de si e se priorizar. Tenho uma técnica bem interessante para quando a culpa bater: eu a chamo de técnica do ‘Cartão de crédito emocional’.
Se a pessoa que está te pedindo um favor ou insistindo para que você vá a um lugar com ela estivesse no seu limite de crédito emocional, você liberaria mais saldo?
Em outras palavras: se os papéis estivessem trocados e você fosse a pessoa pedindo coisas o tempo todo, será que a outra pessoa se sentiria bem em te dizer ‘Não’?
Agora um exercício prático para você começar a pensar sobre todas as vezes em que disse ‘Sim’, mas queria ter dito ‘Não’.
Escreva 3 ‘nãos’ que você deveria ter dito no mês passado. Perceba que o mundo não acabou.
Pronto? Você se decidiu? Vai começar a dizer ‘Não’ para os interesses dos outros, os horários dos outros e os compromissos dos outros e dizer ‘Sim’ para você? Ótimo! Estou orgulhosa de você! Como um bônus, eu preparei cinco frases prontas para você iniciar esse novo caminho!
“Adoraria, mas não vai rolar dessa vez.”
“Vou precisar passar dessa oportunidade.”
“Não é algo que consigo priorizar agora.”
E a minha favorita: ‘Não, mas obrigada por perguntar’. Parece educada, mas é um fechamento de porteiro de boate.
Fique bem!
Fontes de pesquisa para as estudiosas:
- Universidade de Zurique (2023). “Limits and Cortisol Levels”
- Journal of Social Psychology (2022). “The Power of Refusal”