Vivemos em um mundo que constantemente nos exige reações. Seja no trabalho, nos relacionamentos ou nas redes sociais, há uma pressão invisível para nos posicionarmos, respondermos rápido, resolvermos tudo — e, se possível, com um sorriso no rosto. Para muitas mulheres, essa cobrança constante pode ser exaustiva, como se estivéssemos sempre em dívida com os outros.
O Estoicismo, filosofia antiga nascida entre os gregos e lapidada pelos romanos, nos oferece uma ferramenta poderosa: a distinção entre o que podemos controlar e o que está além do nosso alcance. Mas o que isso significa, na prática, para uma mulher hoje?
Significa que nem sempre podemos controlar o que os outros pensam de nós, mas podemos escolher como vamos reagir. Não temos domínio sobre um chefe que desmerece nosso trabalho ou sobre comentários maldosos nas redes sociais — mas temos o poder de decidir o que fazer com isso. Aceitamos como verdade? Internalizamos como ferida? Ou olhamos com clareza e seguimos com firmeza?
Epicteto, um dos grandes nomes do estoicismo, dizia que “não são as coisas em si que nos perturbam, mas a opinião que temos sobre elas”. Essa ideia, longe de nos tornar passivas, nos dá um tipo de liberdade que muitos confundem com fraqueza: a liberdade de não reagir imediatamente, de refletir, de escolher conscientemente.
Para mulheres que foram ensinadas a agradar, a ceder, a evitar conflitos, isso é quase revolucionário. Não se trata de se calar ou engolir tudo — mas de escolher como e quando falar, com base na razão e na paz interior, não no impulso ou na necessidade de validação externa.
O estoicismo, nesse sentido, não é uma filosofia fria ou distante. É um caminho prático e compassivo para cultivar força interna. Ele nos lembra que, mesmo quando tudo à nossa volta parece fora de controle, ainda temos poder. E esse poder começa onde sempre esteve: dentro de nós.
Para as estudiosas de plantão: Epicteto, “Manual de Vida” (Enchiridion), tradução de José Carlos Bruni, Ed. Vozes, 2015.
Fique bem!