Vou começar esse artigo com uma confissão: eu achava mindfulness a maior frescura do universo. “Ficar quieta, observando a respiração?” “Prefiro surtar!”, dizia eu, enquanto afundava em crises de ansiedade. Até que um dia (e um ano de terapia depois), veio a tomada de vergonha na cara e descobri que meditar não é só sobre silêncio e incenso – e que eu já praticava “automeditação” sem saber. Se você também rola os olhos para isso, vem comigo: esse é um relato sem glamour para quem quer se entender sem precisar virar um monge ou uma diva new age.
Um estudo da Universidade de Oxford (2022) mostrou que atividades repetitivas (como lavar louça) induzem o estado meditativo em 60% das pessoas.
Minha primeira meditação foi enquanto eu lavava louça e eu não sabia.
A partir daí, eu finalmente percebi que cantarolar enquanto eu lavava a louça me acalmava mais que aplicativos de mindfulness.
Descobri também que “flow” (aquele estado de imersão) conta como meditação – seja cozinhando ou jogando videogame.
Quando paramos para pensar, já estamos aplicando o mindfulness nas nossas tarefas diárias e nem percebemos.
Alternativas para quem tem “TDAH espiritual”.
Uma pesquisa do Journal of ADHD (2023) mostrou que 70% das pessoas com TDAH rejeitam a meditação tradicional.
Acho que mesmo quem não tem TDAH vai concordar com essa pesquisa. Eu mesma não tenho paciência para ficar sentada esperando a paz interior vir. Eu quero que ela venha agora!
E quais são as soluções nesse caso?
* Meditação com os pés na grama (focar nas texturas é mais fácil que na respiração). Gente, já pisaram na grama de manhãzinha enquanto ela está coberta de orvalho? É uma das melhores coisas do mundo! Quem nunca testou, eu super recomendo!
* Desenhar rabiscos enquanto ouve podcast ou está no telefone (atenção plena adaptada). É uma das coisas que me ajudam a concentrar na conversa ao telefone. Desenho cubos e árvores.
* Contar histórias na cabeça (sim, devaneios podem ser mindfulness). Ah, gente, quem nunca criou um roteiro de Hollywood na cabeça que atire a primeira fita K7!
Cabeça vazia é oficina do Diabo?
O livro “Mindfulness para Céticos” (Dr. Harris (2021) fala que o objetivo não é parar de pensar, mas observar os pensamentos sem julgamento.
Quando li sobre isso, eu:
* Parei de brigar com minha mente agitada.
* Aceitei que pensar “nossa, que tédio” durante a meditação é parte do processo.
Agora, quando penso ‘isso é chato’, eu digo: ‘Oi, pensamento! Vamos tentar mais 2 minutos? Spoiler: às vezes dá certo. Ter paciência consigo mesma faz parte do processo. Na verdade, é uma parte vital do processo!
Filosofia que te quero bem: o que aprendi com os estóicos.
Já ouviu falar do estoicismo? Não? O estoicismo é uma escola de filosofia que surgiu na Grécia Antiga e que valoriza a razão, a virtude, a tranquilidade e a felicidade. Os estóicos acreditavam que a harmonia com a natureza e consigo próprios era possível. De acordo com um estudo da Universidade de Melbourne (2023). A prática do estoicismo reduz a ansiedade tanto quanto o mindfulness.
Algumas coisas que o estoicismo me ensinou:
“Amor Fati” (amar o destino) virou “aceitar que meu café sempre esfria”.
“Premeditatio Malorum” (antecipar problemas) virou “sempre levar um snack na bolsa”.
“Tá, muito legal tudo isso. Mas como posso usar isso tudo na minha vida e estressar menos?”
Um artigo da Psychology Today (2023) diz que o mindfulness é eficaz quando adaptado à personalidade. Ou seja: não é sobre seguir à risca o que está escrito nos livros e dito nas palestras, mas sim adaptar todas essas informações à sua realidade.
Minhas regras hoje são:
* Se durar mais que 5 minutos, já é lucro.
* Se incluir xingamentos internos, ainda conta.
* Se terminar com um chocolate, é vitória dupla.
* Nada que um PQP não resolva.
Se mindfulness fosse fácil, todo mundo faria. Mas se até eu, que achava isso um tédio cósmico, consegui achar meu jeito bagunçado de praticar, você também encontra o seu. Experimente, xingue, adapte – e lembre-se: sobreviver ao mundo já é meditação. Suficiente. O importante é usar todas as ferramentas que a internet traz e usá-las a seu favor. Ser a sua prioridade e buscar meios de cuidar de você é essencial.
Fique bem!
Fontes de pesquisa para as estudiosas:
- Universidade de Oxford (2022). “Meditation in Daily Activities”.
- Journal of ADHD (2023). “Non-Traditional Mindfulness for ADHD”.
- Dr. Harris (2021). “Mindfulness for Skeptics”.
- Universidade de Melbourne (2023). “Stoicism vs. Anxiety”.
- Psychology Today (2023). “Personalized Mindfulness”.