Terapia vs. compras: cinco mentiras que contamos para não cuidar da saúde mental.

“Autocuidado financeiro é quando você gasta em terapia sem culpa – e deixa a blusinha na loja.”

Antes de mais nada, é importante frisar que não tenho nada contra as marcas de roupa! O intuito deste artigo é fazer um paralelo entre gastarmos dinheiro com roupas como forma de cuidado emocional para preencher um vazio e o investimento desse dinheiro em uma sessão de terapia.

Quem nunca se sentiu triste ou ansiosa, foi a uma loja, passou tudo no crédito e experimentou aquela sensação de alegria ao sair da loja com várias sacolas cheias de roupas e sapatos? Eu já fiz isso, e mais de uma vez! R$ 500,00 em roupas e sapatos? Agora! R$ 200,00 em terapia? Nunca, desperdício de dinheiro!

Até que eu entendi que meu cartão de crédito tinha se transformado em um termômetro emocional: quanto mais ansiosa eu ficava, mais compras eu fazia. E o que sobrava depois? Uma fatura de cartão de crédito enorme, que comia uma boa parte do meu salário, e no fim do mês eu tinha dinheiro para comprar somente miojo! Sim, gente! Mais de uma vez eu cheguei no fim do mês podendo comprar só miojo!

Todo esse perrengue me ensinou muita coisa e hoje eu faço escolhas diferentes. Passei muito aperto e eu não desejo para ninguém! Eu estava bem vestida? Sim! Mas estava também com fome e sem dinheiro. Por isso, decidi criar um “Guia de mentiras financeiras que já contei para fugir da terapia” para você não cometer os erros que eu cometi.

Primeira mentira: “Isso é muito caro.”

Uma sessão de terapia = dois jantares fora ou três blusas de uma marca mais cara (que perdem valor em três meses).

Um estudo da FGV (2023) mostra que  pessoas em terapia economizam 20% mais em compras impulsivas após seis meses.

Segunda mentira: “Eu mereço esse presente.”

Presentear-se é válido (e sim, você merece se dar um presente de vez em quando), mas se for para tapar buracos emocionais, o efeito dura 24h, ou até você sentar na poltrona do ônibus e amarrotar a sacola toda no seu colo.Aqui, uma alternativa barata: “Presenteie-se” com 30 minutos de banho sem culpa. Lave o cabelo, faça uma hidratação. E, se possível, coloque uma música bem animada e no último volume e cante no chuveiro!

Terceira mentira: “Terapia não resolve nada!”

Uma pesquisa da USP (2022) mostrou que 76% dos pacientes relatam melhora na tomada de decisões financeiras após três meses de terapia. A terapia traz diversos benefícios, inclusive de como gastamos nosso dinheiro de maneira consciente!

Quarta mentira: “Vou guardar dinheiro antes.”

A terapia preventiva é mais barata que remédios para ansiedade (+ R$150/mês).

E uma dica realista: comece com uma sessão a cada 15 dias. 

Quinta mentira: “Terapia é frescura.”

Sim, eu já disse isso. 

Um dado científico (OMS) para vocês: Ansiedade/depressão custam US$ 1 trilhão/ano em perda de produtividade.

Tradução pessoal: “Frescura” é pagar juros porque comprei compulsivamente no cartão, tive que negociar o pagamento e fiquei comendo miojo enquanto pensava em lasanha. 

Agora, vamos falar das mentiras que contamos para nós mesmas e que justificam esse comportamento de Compras >> Terapia?

  1. “Não tenho tempo” → Mas passou 4h direto no TikTok.
  2. “Prefiro gastar com academia” → Não que academia seja ruim, na verdade é muito bom, mas avalie se você não a enxerga somente como uma fuga da ansiedade social.
  3. “Já me conheço o suficiente” → Até que você compra mais um monte de coisa uma semana depois de já ter comprado um monte de coisa.
  4. “Terapeuta não vai entender meu problema” → E a vendedora da loja vai?
  5. “Vou começar no mês que vem” → Enquanto isso, o cartão virou seu “terapeuta de emergência” e a fatura já está maior que o seu salário!

Guarde na sua cabecinha: autocuidado financeiro começa quando a honestidade é maior que as desculpas. Se você consegue justificar um tênis de R$600, pode justificar R$150 que vão literalmente salvar a sua mente (e ajudar a tirar o seu nome do Serasa porque você vai parar de gastar como se não houvesse amanhã). 

Hoje, meu luxo é falar ‘vou à terapia’ com o mesmo orgulho de quem mostra bolsa nova. E isso não é besteira. Com a terapia, aprendi a me cuidar melhor, a gastar de forma consciente e não me privar de um hambúrguer artesanal em pleno dia 28 do mês – porque agora está sobrando dinheiro na minha conta! 

Ao final disso tudo,  só restam duas perguntas: “Isso vai para o meu armário ou para o meu futuro?”

Fique bem!

Fontes de pesquisa para as estudiosas:

  1. FGV (2023). “Terapia e Consumo Consciente”
  2. USP (2022). “Impacto da Terapia nas Finanças Pessoais”
  3. OMS. “Custos Globais da Saúde Mental”

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